domingo, 5 de abril de 2009

Namorado

"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e, quando se chega ao lado dele, a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
ENLOU-CRESÇA."

Texto de Carlos Drumond de Andrade.

sábado, 28 de março de 2009

Esse blog é decadente. Espero que ninguém nunca leia. u.u'
aliás, pensando em deletá-lo. =)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sinto saudades, e me sinto bem por me sentir mal novamente. Não é me sentir verdadeiramente 'bem', mas saber que os sentimentos em mim não desaparecem instantaneamente é muito bom. Se te escrevo, me faz sentir melhor. Mas percebi que é muito estranho observar meu comportamento quando o mesmo é dependente do seu. Você me parece feliz como nunca. E isso me deixou triste e me despertou sentimentos horríveis de sentir, acredite. Me sinto infinitamente feliz por saber que o que eu sempre pensei é verdade. Que você tinha um ser mais alegre dentro de você.
Mas o que dói é saber do motivo, e saber que eu não devo ter nada a ver com isso. Já que decidi não mostrar mais toda a minha insegurança a você, não escrevo mais diretamente e nem torço mais por uma posível visita.
Não sei se me privar de você foi a melhor solução. Mas me sinto mal, depois de alguns dias bem. E meu humor voltou a ser consequencia do seu.
Preocupante.

Qualquer dia, eu e a minha impulsividade talvez cometeremos a besteira de pronunciar aquelas tão doces palavras que trazem tanta vida.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Por você.

A não ser que eu seja [...]

Eu sei que nunca saberei dizer que te amo. Não porque não amo, mas porque não sei.
Se o que escrevo é direcionado a alguém, tenho certeza que seria melhor desistir, pois você nunca lerá, não se continuar como é agora. E, sabe, o que eu sinto por você é inconstante e incerto. Então não sei se valeria a pena correr atrás, mas porque não valeria?

Se não fossemos duas criaturas tão complexas, eu agiria melhor. Mas não é simples assim. É só que não estamos em sintonia, não estou afim de procurar por essa sintonia que você nunca fez questão de ter.

Como poderíamos saber [...]

E talvez façamos algo quando você quiser esquecer da existência dela.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Utopia.

Talvez, um dia, eu te tenha aqui. Mas já sei onde está, e aonde procurar. A força que eu não tenho é exigida agora, e por mim, posso dizer que não fiz o bastante, não sei se farei.

Você sabe fazer as coisas.

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